7 de jul. de 2009

Uma passagem em um restaurante "chique"

Fui um tempo atrás em um restaurante que pode ser considerado "chique". Pessoas que se vestem de forma "chique" andando por lá e coisa e tal... (Nota: Discutir essa coisa de "chique" com um outro texto). Escrevi essas ideias pensando no que vi e observei. Espero que renda algo, pelo menos um pensamento de "por que ser assim?".

Sabem, dia desses fui almoçar em um restaurante “chique”. Vou às vezes, muito às vezes... Lugar meio caro, boa variedade de comida, boa comida...

Antes de entrar, a placa. “Nome do restaurante (para evitar difamações) Gourmet”. Gourmet. Gourmet. CÁSPITAS, o que é gourmet?! Sou um desgraçado dum brasileiro, não um francês. Maldita mania. Ainda assim, segundo o Dicionário Mini Francês-Português e vice-versa da FTD, Gourmet é “gastrônomo”. Dizem que gastrônomo é aquele que busca forma de aperfeiçoar as refeições. Ao mesmo tempo em que faz sentido ter um num restaurante, não faz deixar isso no nome, ainda mais em francês...

Entrando, primeira coisa com a qual me deparei, no elevador: uma plaqueta escrita “Antes de entrar no elevador, olhe se o mesmo encontra-se neste andar. Lei estadual nº xxx/xx”. Pensei: “Caramba, será que se eu não olhar, cair e morrer, eu tenho que pagar uma multa?”. Coisa a se pensar, imagino. Sua mãe chorando no seu velório e os fiscais vindo cobrar uma multa – mais cara que o velório, diga-se de passagem- por você não ter olhado e ter morrido. Digo, qual o sentido de ser uma lei? Poderia ser só um aviso, sei lá. Ou uma lei que obrigasse a ter esse aviso.

Deixando o elevador de lado, lá vem a explicação do motivo deu não gostar de ir lá: além da comida não ser muito barata(sou um pão-duro-mor), é quem freqüenta. Homens e mulheres da chamada “alta sociedade” (pergunto-me se é assim chamada devido à altura de seus malditos saltos finos). As mulheres, com seus falsos lisos cabelos pintados de 2600 cores diferentes, suas mais de 100 passadas de chapinhas, seus óculos-de-abelhas presos na cabeça como tiaras, seus tão grandes colares que são possíveis pedras em seus caminhos; enfim, tão exageradas quanto eu em minhas descrições.

Os homens, com seus óculos-de-zangão, creio eu não conhecerem algo chamado “bolso”. Insistem em andar com carteira+celular+chave do carro na mão, mesmo que praticamente não caibam. Imagino se isso seja uma isca para atrair mulheres interesseiras. Seus cabelos, insistentes em permanecerem em pé, antigravitacionais(é assim nas novas regras, não é?).
Eu sinceramente não gosto desse tipo de pessoa. Pessoa fresca. Pessoa supérflua. Pessoa materialista. Não gosto. E, sinceramente, é o que aparentam para mim. Não vejo sentido em serem assim...

Depois da descrição, o almoço. Não há do que reclamar: boa variedade, incluindo alguns “pratiscos” japoneses. Ao pesar o prato, não sei o que deu na balança, e a moça falou com a do lado: “Fulana, como pesa o prato dela?”. “Dela?” , pensei eu. “Não deve ser comigo, mesmo com o meu prato na balança.”. “Não consegue pesar a dela?” *aperta alguns botões*. DIABOS, olhem no rosto dos clientes! Não é porque tenho cabelo comprido que sou mulher! ¬¬

Mas dane-se. Peguei os talheres e fui me sentar. Uma faca pesando dois quilos(lembram que sou exagerado nas descrições, né?). Cabo grosso que até atrapalhava para comer. Em poucos outros restaurantes “chiques” que já fui, a situação era a mesma. Imagino que isso seja mais uma frescura. Uma grife, talvez. A grife das facas pesadas. Une marque de couteaux lourds, em uma tradução via Google.

Mas enfim, foi um bom almoço. Paguei o almoço depois com o dinheiro da minha mãe, pois para ela “é o homem que tem que pagar”. Visão interessante.

Fico por aqui em uma pseudo-crítica (ou pseudocrítica?). Obrigado a quem leu, e tenham um bon appétit em seus restaurantes chiques e com seus pintados e lisos cabelos.